sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Futsal - Entrevista II

Diário as Beiras online
José Manuel Alves

IDANHA-A-NOVA

Futsal do Ladoeiro promove o concelho

Segundo o coordenador técnico João Marques, a Associação Cultural e Desportiva poderá voar muito alto”.

As Beiras – Que balanço faz da época passada?
João Marques – O balanço é extremamente positivo, na medida em que a nível sénior se atingiram os objectivos, que eram ser campeão distrital e garantir, consequentemente, a subida de divisão. Por outro lado, também no escalão de juniores tivemos a melhor participação possível, dando continuidade ao trabalho de formação que temos vindo a levar a cabo desde há uns anos a esta parte.
Sabendo-se que a formação tem sido cada vez mais intensificada na ACDL, tem havido um aumento de candidatos a este vosso projecto?
Sem dúvida. Cada vez mais o emblema e o clube têm promovido o Ladoeiro, o concelho de Idanha-a-Nova e a própria modalidade. Temos feito esta promoção de uma forma distinta, o que faz com que sejamos uma referência para o concelho. Como sabemos, todas estas apostas têm de ir sempre ao encontro daquilo que são os objectivos e da realidade do meio onde estamos inseridos, e julgo que ao nível das infra-estruturas poderia haver uma aposta mais forte, para que as modalidades de pavilhão, e não só o futsal, pudessem ter outra realidade, e caminhar de outra maneira.
Concretamente, a que aposta se refere?
Na minha opinião pessoal, penso que na sede de concelho, Idanha-a-Nova, deveria ser construído um pavilhão multiusos idêntico a alguns já existentes no país, que não servisse apenas o desporto de elite, mas com múltiplas e diversas funcionalidades, que recebesse por exemplo finais e play-offf’s, para que, desta forma, viessem até nós mais meios de comunicação social e público, para que as modalidades de pavilhão tivessem uma expressão maior e que aqui também poderão crescer, já que é preciso menos gente, menos recursos financeiros. A aposta neste pavilhão multiusos iria trazer uma mais-valia para o concelho de Idanha-a-Nova.
O futsal no distrito de Castelo Branco está numa fase evolutiva?
Sem dúvida. A modalidade tem registado um forte incremento nos últimos anos, não só no distrito, como também a nível nacional. Esse facto tem sido, aliás, bem destacado nos órgãos de comunicação social. O futsal é um espectáculo desportivo altamente interessante, que cativa e leva gente aos pavilhões, para além de aproximar as pessoas dentro da vertente desportiva. Também o trabalho sério que se tem feito neste área, e a aposta da Associação de Futebol de Castelo Branco nos últimos anos, em que tem formado treinadores e desenvolvido um trabalho profundo com os dirigentes, para que se possa fazer um bom trabalho junto dos jovens, tem sido o reflexo deste crescimento da modalidade.
Qual a sua opinião sobre a nova camada jovem de árbitros?
Trata-se de árbitros com valor e com uma margem de colaboração muito grande, tal como os jogadores e treinadores, à medida que vão fazendo o seu trabalho. Há muita gente jovem a entrar no futsal, que possuem qualidade e que com o tempo vão adquirir o traquejo necessário para estar ao nível daquilo que as competições exigem. Julgo que estão reunidas as condições para que estas modalidades de pavilhão tenham tudo para vingar.
Como estão a preparar a próxima época?
Neste momento estamos a acabar de definir o plantel, com aquisição de mais algum jogador. Em termos de calendarização, vamos arrancar no dia 25 de Agosto, e temos tudo preparado para começar a trabalhar.
Quais são os jogos que vão realizar na pré-temporada?
Por enquanto, e apesar de alguns contactos, ainda não temos confirmações para a realização de jogos, mas certamente que iremos fazer algumas partidas de treino com algumas equipas do distrital, e outras que militam na terceira e segunda divisão, em função da evolução da pré-época e dos níveis da equipa, fazendo jogos que vão ao encontro das nossas necessidades, para que possamos evoluir e estar preparados para enfrentar a terceira divisão.
E estão preparados para enfrentar essas dificuldades que esperam na terceira divisão nacional?
Eu quero acreditar que sim. Penso que do ponto de vista desportivo e humano, estamos preparados para dar uma resposta positiva. No entanto, como é óbvio, tenho de fazer um apelo a quem nos apoia, e o apoio normalmente vem da câmara e junta de freguesia, que são os principais patrocinadores, e que devem olhar para este projecto com a seriedade que ele possui, já que tem levado o nome da freguesia e do concelho por esse país fora, já que somos uma associação que há trinta anos trabalha em prol do desporto, de uma forma muita séria. Tanto a autarquia, como outras entidades, associados e simpatizantes, devem unir-se em torno deste projecto válido, para continuarmos a demonstrar que temos qualidade.
Há outros projectos?
Já estamos a formar, por exemplo, uma equipa de juvenis, na qual vai trabalhar comigo Pedro Ribeiro, que assumirá este projecto. Por outro lado, também gostaríamos de não ficar pela terceira divisão, porque se efectivamente ao longo destes anos criámos o sonho, agora pretendemos que esse mesmo sonho se torne em realidade.
E essa realidade passa por irem mais além?
Se nos derem asas vamos voar muito alto. Penso que temos qualidade para fazer um bom campeonato, pelo que será neste momento prematuro dizer que vamos subir de divisão, porque não sabemos se vai haver outras apostas fortes no campeonato nacional, mas vamos trabalhar para manter a nossa equipa com objectivos e resultados positivos. Resta-me referir que no concelho de Idanha-a-Nova há toda a viabilidade para que possamos ter uma equipa de futsal numa segunda divisão, ou até quem sabe um dia na primeira divisão nacional.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Futsal - Entrevista

João Marques, treinador da A.C.D. do Ladoeiro

“Só quem não esteve atento nos últimos anos é que poderia pensar que não era para subir de divisão”

Com uma aposta forte na formação, o Ladoeiro construiu nos últimos anos uma equipa de campeões. Assim, e sem surpresa para quem está identificado com a modalidade, este regresso do Ladoeiro ao Futsal sénior “só” poderia ter sucesso. A jovem equipa liderada por João Marques terminou a fase regular no primeiro lugar e com todo o mérito venceu o play-off, subindo ao nacional da 3ª divisão. Agora, o Ladoeiro irá encontrar uma realidade diferente, mas “vai proporcionar e aplicar todos os conhecimentos”, salienta João Marques. Apesar desta aposta forte no Futsal sénior, o técnico do Ladoeiro refere que a formação irá ter continuidade para “que cada vez mais possamos estar nesta modalidade de forma sustentada”.
Tribuna Desportiva: O regresso do futsal sénior ao Ladoeiro foi um sucesso, com a equipa a sagrar-se campeã distrital de futsal. Era esse o objectivo?
João Marques: Embora não transitasse-mos para a Comunicação Social que esse era o objectivo, para nós, equipa técnica, direcção e jogadores era um objectivo bem definido a subida à 3ª divisão. Contudo, só quem não esteve atento nos últimos anos ao trabalho de formação que nós tivemos e aos resultados que obtivemos nos escalões de formação é que poderia pensar que não fosse para subir de divisão ou não fosse um projecto aliciante e com objectivos bem definidos.
TD: Depois do interregno do Futsal sénior, o trabalho desenvolvido nos escalões de formação deu agora os seus frutos e estão novamente num campeonato nacional de Futsal. Digamos que foi uma breve passagem pelo distrital para atingir o patamar desejado?
JM: Foi um campeonato com experiências novas, com os jogadores a transitarem para o escalão sénior, embora alguns ainda fossem juniores. Para a próxima época é que irão ser seniores. Os campeonatos a nível sénior têm características completamente diferentes. Há jogadores muito experientes, com muitos anos de Futsal e que têm certos argumentos dentro de campo que por vezes, não é só o bom trabalho que basta para os contornar. É preciso haver um trabalho a nível psico-emocional e técnico-táctico. O conjunto desses factores é que fazem com que essas adversidades sejam ultrapassadas. Nesse sentido penso que trabalhamos bem e conseguimos atingir o objectivo.
TD: Quais foram os obstáculos mais difíceis de ultrapassar ao longo do campeonato distrital?
JM: Na minha opinião o mais difícil foi lidar com a dureza, em termos físicos, que certos adversários impunham na disputa dos lances. Pensão que deveria haver mais rigor. O Futsal é uma modalidade que não permite muitos contactos, e por vezes tornava-se abusivo a forma como certas equipas jogavam. Muitos adversários jogavam também em linhas baixas em termos defensivos, e depois utilizavam muito o físico, com contactos que não são permitidos, mas que certas arbitragens consentiam esses contactos. Isso tornava muito difícil contornar esses adversários e vencê-los.
TD: Ainda assim, na grande final do play-off a sua equipa obteve duas concludentes vitórias sobre a Juventude do Peso.
JM: O Peso teve todo o mérito em chegar onde chegou atendendo à sua realidade. De certa forma, e como eles chegaram a esta final do play-off, se o prémio pudesse ser dividido, eles também mereciam um pouco do título de campeões distritais. Mas a subida teria que ser nossa, porque queremos ir para os nacionais já que era condição imperial para nós.
TD: Para a época que se avizinha o Ladoeiro vai encontrar uma realidade completamente diferente, mas pela sua forma de jogar e até pelas experiências ao nível das Taças Nacionais, a 3ªdivisão poderá ser uma vantagem para a sua equipa?
JM: Vamos ver como é que os jogadores e a própria equipa técnica, já que é a primeira vez que vai para uma 3ªdivisão nacional, se adaptam. É verdade que já tivemos nas Taças Nacionais ao nível da formação, mas agora será pela primeira vez a nível sénior. Tenho a certeza que as outras equipas também têm argumentos diferentes das equipas do campeonato distrital para jogar contra nós. Contudo, houve muita coisa que nós trabalhamos durante a pré-época e mesmo no período competitivo que ficou por aplicar. O nacional vai-nos proporcionar aplicar todos esses conhecimentos e todas essas situações que trabalhamos, permitindo também que os meus jogadores sejam melhores intérpretes dentro de campo porque o adversário é melhor. Se nós vencermos esses adversários são eles que nos valorizam.
TD: Qual é o objectivo do Ladoeiro para a próxima época?
JM: O objectivo passa por fazer um campeonato da 3ªdivisão tranquilo e tentar alcançar a manutenção o mais rápido possível. Depois, a partir daí, tudo o que vier a mais virá por bem. Mas para já, e atendendo que este é o primeiro ano nesta nova experiência, o grande objectivo é fazer um bom campeonato.
TD: Contudo, o nível que o Ladoeiro possui a nível da formação poderá pensar a breve trecho em voos mais altos?
JM: Não quero para já colocar essa pressão sobre os meus jogadores. Temos um plantel jovem e aquilo que lhes peço neste momento é que trabalhem bem, que estejam concentrados naquilo que são os nossos métodos de treino e o nosso modelo de jogo para depois, e quando chegar a altura, estarmos devidamente preparados para encarar esta nova realidade que é a 3ªdivisão. Nós não escondemos que o clube é ambicioso, a direcção é ambiciosa, mas temos que ser realistas. Primeiro temos que saber como é que os nossos atletas se vão adaptar à nova realidade, e só mais à frente é que podemos falar com outra certeza acerca daquilo que poderá ser a 3ªdivisão nacional.
TD: O plantel para a próxima época já está definido?
JM: No plantel ficaram aqueles que entendi que tinham condições para fazer parte do plantel sénior e subiram cinco atletas da equipa júnior. Até ao momento temos duas contratações. São dois jogadores que já estão identificados com a modalidade, já que jogavam na 3ªdivisão. Para além destes dois reforços, estamos em negociações com outro jogador que poderá também ser reforço para a próxima época.
TD: Já podemos saber os nomes dos dois reforços?
JM: É o Igor Silva, ex-CB Penamacor e o Nelson Martins. São jogadores que jogaram na época passada na 3ªdivisão nacional e fizeram um bom campeonato. Para além disso são jovens o que vai um pouco ao encontro do que é a política do nosso clube. Sem desprimor para os outros atletas, o clube tenta dar prioridade aos atletas do Ladoeiro ou do concelho de Idanha-a-Nova. Esses reforços são do concelho de Idanha, são jovens e têm talento e qualidade. Estão dentro do perfil que desejo. Quanto ao terceiro jogador, não o posso nomear porque ainda estamos em negociações, mas em breve também estará tudo definido. É do concelho de Idanha, tem estado ligado ao futebol de 11, mas poderá trazer um forte contributo à equipa do Ladoeiro.
TD: Apesar desta aposta no futebol sénior, o Ladoeiro não irá abandonar a bandeira do clube nestes últimos anos que tem sido a formação?
JM: Nem pensar nisso. Vamos arrancar novamente com uma equipa de juvenis. Esperamos iniciar assim uma nova etapa de trabalho com gente nova a começar do zero, tendo sempre como prioridade os jovens do concelho de Idanha-a-Nova. Com esses jovens esperamos voltar a ter bons resultados na formação, que embora sejam secundários, são ao mesmo tempo importantes, dando assim continuidade a este projecto e solidificá-lo para que cada vez mais possamos estar nesta modalidade de forma sustentada e com um projecto devidamente desenvolvido.
TD: Para todo esse sucesso muito tem contribuído o apoio da direcção e dos próprios associados do clube que têm apoiado a equipa?
JM: Sem dúvida. É impossível as coisas correrem bem dentro de campo se não tivermos por detrás uma direcção que faça um trabalho espectacular, e que não deixa faltar nada. Também são importantes os apoios a nível da autarquia e da junta de freguesia. Estas têm sido incansáveis no apoio ao clube. Assim com o a nossa massa associativa que, sem dúvida, são incansáveis no apoio à equipa.

Tribuna Desportiva de 24 de Julho de 2007
Hélder Lopes